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M. Shadows: Por que eu apoio o movimento “Black Lives Matter”

Em artigo para a Revolver Magazine, o vocalista se pronuncia a respeito das constantes manifestações que vem tomando as ruas dos Estados Unidos:

Para cada ser humano nesse planeta, várias encruzilhadas vão aparecer no caminho de suas curtas vidas. Hoje, nós estamos diante de uma chance de mudar algo que foi inflamado durante 400 anos nesse país: racismo, individual e institucional, contra nossos irmãos e irmãs Afro-Americanos. Eu espero que nós possamos ser honestos com nós mesmos; dê um passo pra trás e escolha entre certo errado e rejeite a hipérbole política. Eu não tenho nenhum interesse em enviar uma mensagem neutra proclamando que “tumulto não é a resposta” ou “machucar pessoas inocentes não ajuda a causa”. Nós todos reconhecemos isso, e se essa é a única mensagem na qual você foca durante esse momento terrível, eu te peço pra ir mais fundo.

Existe uma enorme falha nesse país e os nossos amigos estão e estiveram sendo machucados por muito tempo. Protestos pacíficos tem resultado em nada. Os gritos encontraram ouvidos surdos. Kaepernick* se ajoelha e metade do país entra em frenezi sobre “o tipo errado de protesto”. Qual exatamente é o tipo “certo” de protesto? Um que VOCÊ não precisa ver ou ouvir sobre ideias que não gosta? Isso parece ir contra o propósito, ao meu ver. Muitos disseram que a resposta de Kaepernick foi “desrespeitosa com aqueles que serviram [às forças armadas]”, mas eu acredito que esse tipo de liberdade é pelo que muitos deram sua vida para proteger. Eu respeito os veteranos [de guerra] enquanto também entendo e apoio completamente o direito de Kaepernick e muitos outros de serem livres para se expressar. Se nós tivéssemos atendido aos protestos, lidando com isso de coração e mente aberta, estaríamos numa situação muito diferente. Se tivéssemos coletivamente pedido por reformas antes de tudo colapsar, poderíamos estar debatendo ideias em vez de batalhando sobre diferenças. A realidade é que esse não é um “problema dos negros” – é um problema da América. Se não entendermos dessa forma, vai dar na mesma.

Meu melhor amigo pela última década é um Afro-Americano. Meu cunhado e sobrinho são Afro-Americanos. Os membros da nossa equipe, pares, associados… são humanos que eu amo e simplesmente tem uma experiência de vida diferente da minha por causa de sua aparência. Os comentários ofensivos que ouvi pelas costas deveriam deixar qualquer pessoa decente enjoada. Os olhares tortos, sussurros, provocações. Isso é só uma parte do cotidiano deles e, de alguma forma, eles dão conta de resistir. É normal pra eles. Para os meus amigos brancos, vocês conseguem imaginar o que é viver isso, por um momento? É terrível e injusto. Inferno, eu levei meu cunhado pra um show do Slipknot alguns anos atrás (banda favorita dele) e a tensão que é ser um homem negro naquela multidão era palpável. O que me leva ao meu ponto principal.

Se você é branco e tem ficado em cima do muro nessa situação, nós precisamos que você se decida. Se solidarizar com nossos colegas não significa que você tolera a destruição. Simplesmente significa que você está ouvindo e quer ajudar. Se você fez um post em oposição às manifestações violentas, mas também ficou quieto a respeito das mortes de Ahmaud Arbery, George Floyd e Breonna Taylor, se pergunte o porquê. É hora de mostrar aos nossos irmãos que estamos aqui pra ouvir e sentir sua dor. Isso não pode ser sobre alianças políticas. Não pode ser sobre o que seus familiares e amigos vão pensar de você. Essa não pode ser uma luta na qual nossos colegas Afro-Americanos lutam sozinhos. Se alguém diz “Vidas Negas Importam” e você responde com “Todas as vidas importam”, talvez seja interessante você olhar a situação a fundo. Toda vida tem seu valor – isso é óbvio -, mas nesse momento as vidas dos oprimidos precisam estar em foco. Sim, a polícia tem um trabalho incrivelmente assustador e muitos mantêm a integridade de sua posição, mas se esse é o seu ponto de discórdia, digo NOVAMENTE: a vida dos oprimidos exige nossa atenção total agora.

Eu entendo que a fanbase do Avenged Sevenfold é composta por pouquíssimos americanos negros. É por isso que me sinto ainda mais na obrigação de escrever isso pra vocês. Nós podemos ser aqueles – a comunidade do rock e do metal – que vão acolher e demonstrar a compaixão que eu sei que está dentro de todos nós e ajudar a apoiar esses seres humanos. Eu, particularmente, consumo muita cultura negra. A música, arte, filmes, roupas, esportes, comida. Isso tudo tornou a minha vida melhor. Eu não tenho dúvidas de que somos um país melhor por conta da presença dos Afro-Americanos. Inferno, Chuck Berry foi o pai do Rock & Roll! Se posicionar contra a desigualdade e do racismo sistêmico é o mínimo que podemos fazer.

Estou ciente de que no passado, o Avenged antagonizou com algumas letras e imagens. Também usamos bandeiras confederadas em artes enquanto fizemos cover de artistas que crescemos ouvindo ou pra simplesmente iniciar controvérsia. Eu sei que, com razão, chamarão a nossa atenção pra isso. Sem desculpas. Mas todos crescem em algum momento, e eu me sinto grato pelo fato de que anossa audiência nos deu a oportunidade de evoluir com eles. Eu só espero que a comunidade do rock e do metal, e que a comunidade branca em geral, possa lidar com esse assunto com uma cabeça aberta e se juntar para apoiar nossos amigos Afro-Americanos nesse momento desesperador.

-M

*Colin Kaepernick é um jogador de futebol americano que se ajoelhou durante a execução do hino nacional dos EUA, antes do início de uma partida da NFL. Entenda mais nesse link.

Fonte: Revolver Magazine.

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