Entrevista Kerrang – Parte Um

Tire um segundo para refletir nos últimos 12 meses e é muito claro que 2016 não foi um dos melhores anos, é chocante. Infelizmente a maioria dessas epifanias fizeram suas aparições em formas negativas, tristezas e cercadas de desgraças. Tivemos despedidas de lendas do rock que foram devastadoras, com o Lemmy (que morreu nos últimos dias de 2015), David Bowie, Prince e a partida mais recente de Leonard Choen; o caos em torno do clima político, a bomba inglesa de votar a favor do Brexit e é claro, duas semanas atrás a angustiante notícia que Donald Trump seria o novo presidente eleito dos Estados Unidos.

Em Orange County, Califórnia, durante uma manhã ensolarada, o vocalista do Avenged Sevenfold, M. Shadows, estava tentando absorver as notícias que seu país recebeu no dia anterior (a entrevista foi gravada um dia após a eleição de Donald Trump). “Esta nação está profundamente dividida.” começa o vocalista de 35 anos. “Estava realmente falando que vivemos na Califórnia (uma região totalmente democrata onde apenas um terço dos residentes votaram em Trump). É tipo uma bolha, é algo totalmente de pensamento progressista, novo e inovador. Mas tem muitos lugares no país que estão contentes com o jeito que está.’’.
Essa é uma lição que o Avenged Sevenfold aprendeu depois de um ano de corrida política nos Estados Unidos e isso foi um fato ao longo de seus 17 anos de carreira. Como uma das bandas com o pensamento mais lá na frente do metal moderno, o pensamento deles é ao mesmo tempo surpreendente e enlouquecido. E, recentemente carregando seu passo mais fora da curva desde de 1999, a banda de Huntington Beach pode ser uma das melhores coisas deste ano.

O imprevisível sempre foi uma das vestes mais fortes do Avenged Sevenfold. Há uma década, seu terceiro álbum de estúdio, City of Evil, os levou a um novo patamar para ir do metalcore a uma das maiores bandas novas de metal. Eles adentraram novas águas escuras em 2007, com o “Álbum Branco” e em 2010 com o grandioso Nightmare. Três anos depois o Hail To The King iria jogar o Avenged Sevenfold ao topo das paradas de download de listas da elite do metal.


E agora? Bom, agora os titãs do metal deram um novo salto com o The Stage. Um disco de 74 minutos falando de inteligência artificial e exploração espacial. A alta qualidade do último trabalho do quinteto alcançou níveis tão épicos quanto os que M.Shadows fala no conteúdo do álbum.

Entediados com a forma que seguiam, o Avenged Sevenfold inicialmente ficou preso em uma inspiração de ir contra o grão das listas do estúdio, depois de uma separação com a Warner Music em janeiro de 2016 que acabou sendo feia nos tribunais. “Nós estávamos procurando um modo de lançar o CD independente, aí a Capitol Records apareceu e nós gostamos do trabalho deles.”, explica M.Shadows. “Nós falamos das nossas ideias para eles e eles disseram: bem…há uma chance que ele não vá bem de vendas.” “Então nós dissemos que não nos importávamos e eles concordaram em lançar o The Stage, que se tornou algo muito legal para ser mantido em segredo.”.
Para garantir total mistério em torno do lançamento, o Avenged ainda contaram com a ajuda de seu amigo pessoal Chris Jericho. “A espera acabou”, Chris postou em seu Instagram com uma foto do Deathbat do Avenged Sevenfold e as hashtags “Voltaic Oceans” e #Dec9, fazendo a alusão que o álbum só seria lançado mais para frente.

“O Chris me ligou para falar da ideia, na verdade. E ele estava tipo: cara, eu sou o melhor para trollar o mundo todo de uma só vez. Você precisa me deixar fazer isso!”. Ri M.Shadows. “E eu falei OK, vai em frente. Foi algo orgânico que conseguiu pegar todo mundo.”.
“Foi muito divertido ver todo mundo pirar e tentar decifrar o que estava acontecendo.”, comenda o baixista Johnny Christ. “Nós definitivamente nos divertimos muito com isso.”

Passada a trollagem mundial, os grandes planos do Avenged Sevenfold para o The Stage não se encerram com o lançamento. Primeiro a banda já tem mais músicas à disposição deles, pronta para serem lançadas a qualquer momento. Melhor ainda é que não há um momento certo quando eles irão lançar isso. Regras não se aplicam.

“Nós tínhamos uma faixa que não conseguimos terminar a tempo do lançamento. Ela já não iria fazer parte, mas conseguimos terminá-la agora e nós também temos mais seis outros covers que acreditamos que as pessoas irão adorar.”, Shadows revela com um brilho no olhar. “É algo fora da caixa. Mas nós iremos lançar essas músicas quando acharmos que devemos. Então você poderá acordar um belo dia e o The Stage no Spotify poderá ter mais algumas músicas extras. E isso continuará acontecendo por alguns anos ainda”.

“Todos esses lançamentos surpresa que aconteceram foi apenas para digital e uma coisa que tivemos que fazer foi garantir que os CDs chegassem às lojas. Então tivemos que colocar uma capa de fumaça, porque o CD já estava disponível para compra no Best Buy mais ou menos uma semana antes, mas as pessoas não estavam pensando em olhar lá. Então, tivemos que contar algumas histórias porque vai que alguém olha lá e o conteúdo vaza semanas antes do desejado, aí estaríamos ferrados. Você investe todo esse dinheiro e três anos compondo e criando para não ter nada de retorno. Isso é algo bem duro.”

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